segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Maria Bonita


O som da vitrola dizia sim. Os pés esboçavam uma dança ao mesmo tempo em que o rosto demonstrava um tom austero e impenetrável. Dentro de suas contradições a mulher que tinha por hábito usar vestidos de chita o ano todo escutava a música que lhe fizera sorrir um dia. Aquelas notas lhe eram habituais e tinham lá no fundo um quê de primeira vez. Saiu dançando na certeza de que não sabia dançar, simplesmente porque queria ver o vento brincar de existir com o rodar de sua saia. Simples assim, sem que a vida pesasse mais que a distância entre seus pés e a felicidade de estar livre.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O que é, então?

É o homem por não ser bicho,
É a vida por não ser pó.
E é o que for por deixar de ser.

É o destempero da alma,
É a fuga solúvel do desespero.
Tão leve seria o vento
Se não fosse ele o sentido do cheiro.

Se é o mundo, então
Que seja o peso da vida:
Fere a pele inatingível,
causa dor ao outro eu.

Morte ao fim,
Pois é a vida que à vida dá sentido
E a dor não acaba, transfere.