domingo, 19 de janeiro de 2014

Proposta

E se eu fosse uma montanha?
Quem sabe pudesse eu
desenhar em árvores,
na minha térrea epiderme,
um pouco daquilo que borbulha.
E num verde que muda
eu faria permutas entre arbustos e furtivas bromélias
para escrever em fina agulha
como num bordado
um pouco de poesia.
Então, nas encostas,
as pétalas já caídas invadiriam os rios
que certamente por ali correriam
unicamente à espera das bromélias
para que a cada afluente
um pouco daquilo que a montanha sente
transpire e, ainda que inerte,
o monte de terra pareça gente.