quarta-feira, 24 de abril de 2013

Aurora


Outrora e
agora
a hora é ver
essa aurora
que pinta
o teto de
cor-de-amora
e de tão belo
deixa a gente
assim:
alguém que chora
pela luz dolorosa
do céu quase rosa.
Aquele que transborda
com a lágrima outra
do ser pendurado
na corda solta
entre o lá e o fim
enquanto a volta é
ainda, sim,
um pouco de mim.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Pra quê tanto
se, no final,
é sempre o pranto
que mostra o santo
escondido, vívido, tanso.
Apesar de manso,
esse clamor insosso
pede um pedaço do manto
sagrado ou não
que, no entanto,
ainda arrasta
no chão
[incólume]
o canto
que de tanto pranto
vira oceano.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sinistra

O reverso desse verso
procura a verdade mentirosa
aquela que,
de tão real
brinca com o que não é.
E o inverso dessa prosa (que não é)
seria a causa outra da moça prosa que dança beijando a rosa apanhada pela outra amorosa moça bendita que dizia ao pé do ouvido o caminho a ser seguido, baixinho, como um suspiro: onde há leveza, há destreza de viver, desculpe, meu bem, sou canhota.

Poema que surge

Não me tire a palavra!
O nó e a dó que colocas
na corda que me enforca
é tão leve que de pouco importa
a força, tudo será consoante à carícia plena
de um sentir ululante que vibra
entre o lá e o si
em mim
aqui.