As folhas caíam como sempre caíram, costumeiramente desgrudavam do tronco e em uma descida coreografada tocavam o chão como uma criança a roubar a cobertura doce e trabalhada de um bolo de aniversário. Milhões ou quem sabe milhares de pontos amarronzados taparam o tapete verde daquele jardim. Agora não se via mais as flores e também as formigas carregando os torrões roubados, era perceptível apenas folhas e galhos secos.
Os pés da criança tocaram as folhas fazendo música de forma única sem ensaios ou bis, mas dentro de sua cabeça nada disso fazia sentido algum, nem o outono que outrora fazia brotar sorrisos voluntários, nem o prazer de partir rigidez das folhas desidratadas. Tudo ao seu redor, apesar de presente e concreto, tomava o lugar das coisas imateriais e os sentimentos passaram a ter garras.
Do alto, bem lá do alto, um homem assistia aquela cena, a cada detalhe uma lágrima em seu rosto se tornava mais pesada a ponto de desabar sem ser desejada, todos aqueles momentos e fatos da sexta-feira não saiam de sua cabeça, era uma eternidade. Ele sabia o que havia ocorrido com o menino, mas não o que havia acontecido com ele mesmo, nem o porquê de estar ali. Era escuro vazio e solitário, apenas ele e ninguém mais.
O menino temia até mesmo o vento, estava sem proteção, mesmo rodeado de fatos, sentia-se solitário, uma parte dele havia ido para sempre segundo aquele homem velho e barbado de cabelos brancos e cacheados que decidiu o futuro de seu pai. Chegou em frente a igreja, olhou para cima, procurava seu pai, queria aquela mão para segurar, procurou também a mãe, mas essa, nunca havia segurado a sua mão, mas ele a amava inexplicavelmente.
O homem já não via mais a criança, de onde estava a luz já não fazia efeito, queria a mãozinha frágil para segurar, queria sentir seu filho ao lado, sentir o outono junto a ele. Dentro de sua mente, paralelo a imagem da criança, vinham as imagens de sexta-feira, mas nada mudava a idéia de que ela havia merecido aquilo tudo, não o menino, ela.
O vento assustava ainda mais o menino, parado vendo as nuvens procurando o impossível, o que já tinha ido embora. Foi surpreendido por um jornal de segunda-feira, amassado, rasgado, como se o conteúdo não tivesse importância nenhuma, mas para ele era o decreto de uma vida solitária. Sobre soluços ele leu, molhando o papel que tinha impresso, além de borrões, a foto de sua mãe deitada, como quem sonha mas totalmente fria e sem sentimento. Acima da foto palavras cruéis: “Homem que matou a mulher em frente ao filho foi condenado com a prisão perpétua, a criança ficará no orfanato São Gustaff de Croyland localizado em frente ao presídio. Até que atinja a maioridade aquela será sua nova casa”.
O outono nunca mais seria outono, para nenhum dos dois.
Os pés da criança tocaram as folhas fazendo música de forma única sem ensaios ou bis, mas dentro de sua cabeça nada disso fazia sentido algum, nem o outono que outrora fazia brotar sorrisos voluntários, nem o prazer de partir rigidez das folhas desidratadas. Tudo ao seu redor, apesar de presente e concreto, tomava o lugar das coisas imateriais e os sentimentos passaram a ter garras.
Do alto, bem lá do alto, um homem assistia aquela cena, a cada detalhe uma lágrima em seu rosto se tornava mais pesada a ponto de desabar sem ser desejada, todos aqueles momentos e fatos da sexta-feira não saiam de sua cabeça, era uma eternidade. Ele sabia o que havia ocorrido com o menino, mas não o que havia acontecido com ele mesmo, nem o porquê de estar ali. Era escuro vazio e solitário, apenas ele e ninguém mais.
O menino temia até mesmo o vento, estava sem proteção, mesmo rodeado de fatos, sentia-se solitário, uma parte dele havia ido para sempre segundo aquele homem velho e barbado de cabelos brancos e cacheados que decidiu o futuro de seu pai. Chegou em frente a igreja, olhou para cima, procurava seu pai, queria aquela mão para segurar, procurou também a mãe, mas essa, nunca havia segurado a sua mão, mas ele a amava inexplicavelmente.
O homem já não via mais a criança, de onde estava a luz já não fazia efeito, queria a mãozinha frágil para segurar, queria sentir seu filho ao lado, sentir o outono junto a ele. Dentro de sua mente, paralelo a imagem da criança, vinham as imagens de sexta-feira, mas nada mudava a idéia de que ela havia merecido aquilo tudo, não o menino, ela.
O vento assustava ainda mais o menino, parado vendo as nuvens procurando o impossível, o que já tinha ido embora. Foi surpreendido por um jornal de segunda-feira, amassado, rasgado, como se o conteúdo não tivesse importância nenhuma, mas para ele era o decreto de uma vida solitária. Sobre soluços ele leu, molhando o papel que tinha impresso, além de borrões, a foto de sua mãe deitada, como quem sonha mas totalmente fria e sem sentimento. Acima da foto palavras cruéis: “Homem que matou a mulher em frente ao filho foi condenado com a prisão perpétua, a criança ficará no orfanato São Gustaff de Croyland localizado em frente ao presídio. Até que atinja a maioridade aquela será sua nova casa”.
O outono nunca mais seria outono, para nenhum dos dois.
3 comentários:
Eu sabia que não iria perder meu tempo. Você é diferente, único e maravilhoso :)
Ficou muito bom também essas, essas descrições poéticas são ótimas.
pois a dona Amine deveria ter um blog e deixar o recadinho aqui tbm.
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