sábado, 19 de fevereiro de 2011

Seja lá qual for o motivo ou a razão, o rapaz já não pensava como antes. O mundo transpira essa modificação imaterial de consequências físicas e sua vida já havia mudado o suficiente para que ele percebesse o quanto  o mundo é de verdade. Nada será como um livro: editado, impresso, lido, amado, vendido, o que enriquece a editora e dá os devidos louros da vitória ao autor. O mundo é bem pior. O mundo é vasto e não é do Raimundo, o mundo é de quem quiser, um leilão tão grande, mas ao mesmo tempo tão pequeno, que ninguém vê. Assim como ele não viu, assim como ele nunca veria sem seus óculos. Estava farto, tão farto que sua fadiga o impediu de agir, e ali ficou: como sempre ficara. Mas agora ele sabia que já não era o mesmo, já não era a mesma estátua sem expressão de sempre. Conseguiu, mesmo que paradoxalmente, dar um meio sorriso à meia vida que ele queria esquecer.

Um comentário:

Bruno Batiston disse...

Se eu entendi direito, o leiloeiro gritou "Dou-lhe três!" e um cara que queria o... quadro, que seja, tinha o dinheiro, mas não deu o seu lance, não levou. Porra, Gustavo!

Tudo bem, pelo menos ele sorri.