terça-feira, 30 de outubro de 2012

A nova ausência

Hoje eu achei uma caneta no chão. Pensei se. Como? De onde a sorte brotou? De qual terreno infértil a sorte esferográfica surgiu? Indiferente à origem, ela surgiu. Tão ela, tão rígida nas suas linhas e delicada no sentido do risco... Qual teriam sido suas últimas palavras nas mãos do esquecido dono? Fosse meu o descuido, como derradeiras palavras eu escreveria: não fui, fiquei. Talvez um poema curto, com palavras tuas do não dizível sentimento. Enfim, achei uma caneta. Quem sabe, ainda, seja essa caneta virgem de papel. Diria que nunca tocara o papel não fosse a ausência de uma fina lâmina de tinta e uma trinca no acrílico onde se apoia o dedo anular, levando em consideração um escrever que use o dedo anular. 
Quais palavras essa caneta não disse? Quais disse? Quais não deveria ter dito? Como vetor da fala incógnita do ex-dono ela cumpriu seu papel. Agora minha, o que dirá? Hoje eu achei uma caneta, mais uma que, muda, ficará na mesa esperando (in)verdades que pulsam feito ferida ardente numa combustão constante entre verdades impostas e sólidas mentiras.

Um comentário:

Geni disse...

A caneta deve ter ficado muito feliz pelo encontro de vcs, tenho certeza...Se eu fosse a caneta, iria me sentir assim :)