sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O calor em seu rosto denunciava seu estado, bem como o tom rubro das bochechas, esta transparente condição humana insiste em não permirtir mais o platonismo. Mônica nunca viu as 18h demorarem tanto para chegar, era como se meia hora tomasse o lugar de um século. A moça corada viu moscas exageradamente grandes travarem brigas, a mecanógrafa bater na máquina de xérox revoltosamente, mas não via o tempo passar. "Onde está o botão do tempo?" pensava sozinha. Toca o sino, sai correndo, bate o cartão, pega a condução, chega em casa, toma banho, põe o perfume de maracujá junto com o vestido verde água. Sentada no sofá de onça, mais uma vez vê o tempo passar sem de fato querer, passou as 20h, e nada do motivo da vergonha constante chegar. "Será que não me quer mais? Não sou legal o suficiente? Acho que ele não gosta do meu cabelo" Tantas perguntas sem respostas para a coitada moça, ali sentada ao som de uma música brega-chique, bem ao gosto do rapaz, inalava o incenso de baunilha vorazmente esperando nele o cheiro do seu amor. A noite deu motivo para acender a luz, mas não de dormir. Acordada ficou e a essas alturas já virara amiga do tempo, com ele esperou por toda a vida não ser a outra. Pena, esse era seu destino. O odor de maracujá de seu vestido havia virado baunilha, as lágrimas lavaram seu rosto, mas não sua esperança "Quem sabe amanhã, ele saia mais cedo e venha de verdade... Pode ser que não me queira mais, digo que estou grávida?" A solidão não cria crianças, mulher!

2 comentários:

Thaynah leal disse...

O acento serve para salientar que o substantivo é abstrato; e claro, revelar em letras bastões-vermelhas meu pouco domínio ortográfico.


Você já leu a Gruta de cristal? Esse livro narra toda a vida de Merlin. E acredite: a solidão criou uma criança.

Ricardo Calegari disse...

Os teus textos desafiam, Gustavo!!