sábado, 4 de abril de 2009

Casar sempre foi o sonho de Carol. Seus olhos verdes brilhavam quando via nas revistas do salão, os vestidos das famosas “O meu será como esse, ninguém copia ein?”, toda semana ela dizia isso, escolhia um novo vestido, uma nova igreja, novos padrinhos... Muita idéia ela tinha, faltava-lhe apenas marido, afinal, quem precisa de um namorado para casar hoje em dia? Com um batom vermelho carmim nos lábios finos e o vestido turquesa que ganhara de um ex, saiu à caça, e como diria sua amicíssima manicura, Carla: “Os homens mudaram muito”. De fato, exigem mais cuidados, mais frufrus, como é difícil casar. Já foi a época em que Carol chamava atenção de todos, hoje, beirando os 40, anda cada vez mais preocupada com seu corpo que já não é mais tão torneado, nem sua pele tão esticada, apesar de gastar um quinto do seu salário em cosméticos todo mês. Falando em salário o dela não é ruim não, vive em um apê num bairro ótimo, vista para o mar da área de serviço, o que estraga é a falta de independência. Carol mora ainda com os pais “Não estou preparada para sair do aconchego de mainha”, o mesmo discurso, desde os 17. Alguém assim consegue marido? Pensou inclusive em ser freira, mas não sabia em que Deus acreditava, no do pai ou no da mãe. Seu pai era budista, a mãe espírita e Carol católica por influencia de sua avó paterna, nesse caso, Deus não era a solução. A solução na verdade era provar que o que vale é o interior. Apesar de ser de meia idade, Carol era muito inteligente, o que chama atenção de uma parte dos homens, pena. “Esses não gostam da fruta”, Carla sempre dizia, triste generalização, isso fez Carol desistir dos intelectuais. Carol já foi de todos os tipos, do jeito que Martinho da Vila gosta: loira, ruiva, de cabelos longos ou curtos, lisos ou crespos, morena ou branquela... Coitada, nem assim conseguiu alguém “Vou achar a pessoa certa, em algum lugar, vou achar”. Segundo seu guru pessoal, o grande amor de sua vida estaria preso por algum motivo no outro lado do mundo, precisava libertá-lo. Carol já havia feito tanta coisa, que acreditar em um guru seria o mínimo depois de enterrar cuecas. Por que não? Pode ser que sim, no Japão quem sabe, um mundo evoluído, Carol era uma mulher moderna. Lá foi ela, juntou as economias e foi conhecer novas culturas e de quebra o amor de sua vida. “Volto com um japinha meninas” Dito e feito. Um esteticista japonês, atraído pelas rugas precoces de Carol, veio montar uma clínica na cidade, não achou marido, mas aumentou o salário, que aumentou o investimento em cosméticos, que aumentou a beleza, que aumentou o número de revistas de casamento, que aumentou o sonho... Foi bom ir para o Japão? Mal sabia ela que o amor de sua vida perdera o avião para o Japão por estar com o passaporte trancado, e um desses só se encontra uma vez na vida e outra na morte... Pobre Carol, “que a terra lhe seja leve”.

4 comentários:

M. A. disse...

Bom texto.

Minha técnica é não procurar. Garanto que evita todos os problemas ;)

Monique disse...

Passamos horas, dias, meses, anos... Uma vida toda procurando algo que muitas vezes está diante dos nossos olhos. Com Carol não foi diferente.
Talvez se parássemos de procurar nos encontrariam.

Gosto muito do seu jeito de escrever. Voltarei aqui sempre que puder.

Ah! Quero te contar a maneira curiosa como encontrei seu blog: Eu estava perambulado pela comunidade "Prazeres Amélie Poulain" como de praxe, e ao lado onde aparecem os membros (há apenas 32423 membros na comunidade, haha) vi sua foto, só por curiosidade entrei para olhar. Descobri que assim como eu você tinha um blog, e, além disso, temos também um amigo em comum, que por ironia é meu primo, acredito que vocês tenham estudado na mesma escola (Stella Maris), ou talvez tenha algo a ver com a ordem Demolay... Ou não, hahaha

a disse...

Você escreve muito bem, seus textos são gostosos de ler, textos leves, que aproximam de você qualquer um que venha a ler. Imagino que você já tenham ouvido isso muitas vezes, mas serei repetitiva: parabéns pelo blog. Voltarei mais vezes.

Abraço.

Jéssica Costa disse...

Tadinha dela... rs
Quem nunca perdeu uma oportunidade de mudar a vida, porque a mesma prega peças?
É preciso estar de olhos bem abertos nos dias atuais...

Vou escancarar os meus, se nao fico sem marido
rs
Boa noiteee