sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ele provava de um dos sentimentos mais agridoces da humanidade, a tristeza provinda de uma felicidade. De gole em gole, saboreava a amargura de lágrimas com um shake de sorrisos. Embreagou-se com a dualidade do seu próprio ser, que apesar de humano, mostrava-se animalesco, rosnando, bufando. Por mais que seu rosto estampasse um sorriso verdadeiro, em partes, seu coração chorava gotas discretas, as quais eram levadas ao resto do corpo por uma questão de fisiologia cardíaca, deixando em cada centímetro cúbico de sangue, em cada tecido ou célula a indignação por estar assim. Assim, sem saber o que pensar, o que fazer, o que falar. É natural acreditar que as coisas são eternas, quando na verdade, elas precisam de um fim. Não que isso seja impuro ou irreal, mas o rapaz pediu para que tudo isso tivesse um fim, esse medo, essa angústia. Estava sozinho por estar acompanhado, queria luz quando tudo estava escuro. À pupilas pequenas, esperou encontrar a resposta em sonhos alheios, já mastigados, feito a mamãe passarinho com os filhos passarinhos. Adequados às mazelas sociais, os sonhos provindos da rotina são mais seguros, apesar de efadonhos, exigem menos. Sabendo que a facilidade nem sempre é o melhor caminho, ele estava se propondo a viver a vida dos outros, no mundo dos outros, enquanto torturado, castigado por um crime desconhecido mas inafiançável de prima vista, seu verdadeiro eu era enclausurado na mais impenetrável prisão: a mente humana.

4 comentários:

Laura Cohen disse...

nossa! Isso é a cara das coisas que Meu Irmao escreve!

Edu Martins disse...

Pow cara, texto muito lindo e com boas palavras. Bem comovente e prende bastante o leitor. Ah, e obrigado pelo comentário no meu blog. Abração.

Emmanuel disse...

livrimente belo.
tu decreves gotas de humanidade.
=)
muito bom.

Monique disse...

Me surpreendo com seus textos, não que eu esperasse pouco deles, é só que suas palavras colidem tão rapidamente com as minhas que se transformam em minúsculos fogos de artifícios quando leio o que você escreve.
E é engraçado o quanto o sujeito na terceira pessoa do singular é capaz de me agradar. Logo eu que sempre escrevo tão subjetivamente.