domingo, 10 de março de 2013

Estou rouco.

Não sei se o pouco de louco que tenho é o suficiente para me deixar rouco desse grito dormente que sai do hiato entre a mente e o eu ausente. Às vezes a voz é o bastante, em outras eu quero mais, eu quero gente. Porque enquanto gente eu me sinto só, no vácuo profundo, num nó. Talvez não baste ser gente, é preciso ser forte, mas e quando se é carente? Simplesmente se aceita o fardo, calado. Um pouco cansado, eu diria, um dia se consegue ultrapassar essa vírgula danada que separa, mesmo que ingrata, o verbo do sujeito doente. E já na retidão que concorda na semântica, quem sabe se diminua a rouquidão num grito que acorda pra vida os olhos nus e afoitos por um clarão de certezas.

2 comentários:

Geni disse...

Eu reli ouvindo "Abismos de Rosas" e o teu texto conseguiu, acredite, ficar ainda mais lindo.

Capitu disse...

Faço uma confusão entre os artistas...
Tudo que produz é o que deveras vive/viverá?
Em caso positivo, isso dá uma esperança danada;
Em caso negativo, isso dá uma vontade danada de convencer o negativo em positivo.
E falando em esperança:
"O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente.