terça-feira, 13 de novembro de 2012

A coisa

Não te faça de exausto,
esse olhar não mais engana:
tens alma de Fausto.
E ainda carrasco,
perca essa falsa chama
e degole teu próprio asco.

Brigue, grite, clame
Talvez assim, entregue,
sejas menos infame
E, por pena,
alguém te carregue.

Mas que seja breve
e para longe
alguém te leve,
antes que te definas
que te imprimas em mim
e, feito morfina,
me deixes assim:

És, no fim, a coisa.
Aquela que só eu conheço,
o pacote que eu guardo,
a vida que esqueço.

Um comentário:

Geni disse...

Uau, que poema mui fuerte...Se eu alguém me perguntasse dele eu diria, que é o Poema do Âmago.