sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Retina ingrata

Você já parou pra observar como um olhar denuncia? Toda trajetória, todo peso carregado, as palpebras cansadas, os olhos antes esbranquiçados como as nuvens de um dia de inverno agora são manchados de carmim como um campo de batalha glacial. É difícil julgar, mas tirar conclusões próprias e isoladas não é pecado, afinal o que é pecar?
Garanto que se pudesse ser invisível passaria o resto de meus dias observando a complexidade dos olhares que encontro pelas ruas, as vezes fechados para o exterior pois vêem coisas além do permitido pela retina, ou abertos, escancarados querendo ver o que não os diz respeito. A questão crucial é: se você tem algo a esconder, não olhe nos olhos.
Garanto a qualquer um, que os olhos são muito mais do que retina, cones, bastonetes e tudo aquilo que se lê em livros de oftalmologia, encontramos um infinito (que por sinal temos muitos), é a casa da sinestesia, o olhar pode sentir, ver, cheirar, ouvir e degustar. É onde os sentimentos mais gostam de morar

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