quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Era uma vez um final, que almejava para que seu começo fosse belo, repleto de sorrisos e planos exorbitantes para que na sua vez de aparecer houvesse apenas festas, crianças nascendo e um última cena de alegria ao pôr-do-sol, mas infelizmente não foi.
Foi uma chuva de lágrimas, envolto a gotas de carmim, não que o sonho tivesse acabado, mas não havia começado como deveria. Esse final ia cada vez mais se desfigurando, e aquelas belas palavras que ele guardava foram se perdendo ao longo do caminho jogadas para um alto, tão alto que nem se vê, pela tristeza de cada nova página.
Lá pelo meio da história, o começo já tinha morrido, e isso é muito triste porque a primeira impressão é a que fica, não havia como modificar, apenas restava o que não precisava restar. No meio o fim não não tinha mais esperança, apesar de já ter ouvido de outras histórias que ela é a última que morre.
Os parágrafos iam se fazendo, e o fim ia se tornando próximo, feio, esquecido e triste ele chorava a cada novo verso, mesmo que vez por outra alguém sorria, uma música tocava lá pela metade da história, mas sua hora de aparecer era cada vez mais próxima. Ele sabia que não traria felicidade e nem um abraço apertado de amigos que se encontram, muito menos aquela lágrima no olhar de uma moça apaixonada, tudo seria cinza e opaco, sem brilho no olhar de ninguém. Pensou muito em desistir, mas não teve coragem. A metada morre, e se une aos outros mártires dessa história, e o fim, temeroso pela sua hora achou conveniente dar um fim. Entregar o final, até o último ponto lutou, até que deu-se o desfecho, pois é muito melhor ter um fim do que morrer sem ele. Quando eram dadas as últimas palavras, o fim percebeu que mesmo triste, ele teve sua importância, e pela primeira vez sorriu antes de sentir o duro peso da capa ao se fechar o livro.



Certa vez, me contaram que começar uma história com "era uma vez" assassina o texto, e como por essas palavras houveram apenas mortes, por qual motivo salvar o texto?

Nenhum comentário: